ADMINISTRAÇÃO Amargo Pecado: Prefeitura de Macau patrocina eventos profanos e ignora Nossa Senhora da Conceição 02/12/2025 às 17:15

Macau vive, neste fim de ano, um episódio que desafia a lógica administrativa, a coerência política e até os limites da Justiça. De um lado, a Prefeitura afirma enfrentar dificuldades financeiras. Mas, por outro lado, patrocina eventos festivos, promove confraternizações e deixa de cumprir uma emenda impositiva destinada exatamente aos festejos de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade e símbolo cultural e espiritual dos macauenses. A equação não fecha, e o resultado tem gosto amargo.
Causou surpresa e indignação, a decisão da gestão municipal em patrocinar confraternizações e eventos privados. Em qualquer contexto, já seria um gesto questionável do ponto de vista administrativo. Em tempos de aperto financeiro, torna-se um contrassenso evidente.
Se a própria gestão afirma que não há recursos para honrar compromissos prioritários, como justificar gastos festivos privados? E mais: como explicar um evento destinado a pessoas que não fazem mais parte do quadro funcional do município? O gesto soa, no mínimo, político demais e administrativo de menos.
Enquanto isso, a fé da cidade fica para depois
Recentemente, a Prefeitura negou a liberação de uma emenda impositiva, portanto, obrigatória, voltada à realização da Festa da Padroeira. O recurso, destinado à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Macau, garantiria a programação religiosa e cultural que, há décadas, faz parte do calendário oficial da cidade.
A recusa acende um alerta: Por que eventos considerados “profanos”, de forte apelo social e político, recebem apoio, enquanto uma manifestação religiosa tradicional, que mobiliza a comunidade, é deixada à míngua? A seletividade é evidente, e o contraste gera um desgaste desnecessário entre gestão pública e população.
Quando o veneno e o remédio são o mesmo
O dito popular cai como luva: o veneno que mata é o mesmo que cura. A gestão poderia usar o discurso da austeridade como remédio para justificar medidas difíceis, mas opta por usá-lo seletivamente, e isso cria o veneno político que hoje corrói sua credibilidade. A população de Macau não ignora contradições. E a contradição aqui é cristalina.
Um desafio aos órgãos de controle
O caso levanta questionamentos jurídicos importantes. Emendas impositivas existem justamente para impedir que a liberação de recursos dependa do humor político dos gestores. Elas são obrigatórias por lei. Descumpri-las não é apenas uma escolha: pode configurar irregularidade administrativa.
Daí surge a pergunta inevitável: Estamos diante de um simples erro político, ou de um desafio direto à Justiça e aos mecanismos de controle?
Tribunais de contas, Ministério Público e Câmara Municipal têm, agora, a responsabilidade de olhar para o episódio com lupa. A transparência nos critérios de gastos, a coerência entre discurso e prática, e o respeito às obrigações legais não são favores; são deveres.
Num momento em que a população enfrenta dificuldades, em que a fé e a tradição se mantêm como pilares comunitários, transformar prioridades em moeda política é, no mínimo, um desserviço. Entre o “doce” da festa e o “pecado” da incoerência, a gestão municipal escolheu o caminho mais indigesto. E Macau, mais uma vez, paga a conta.
Nossa Senhora da Conceição, rogai por nós!





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