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Blog A moeda de compra vale menos do que o valor do caráter 08/12/2025 às 11:46

Em um tempo em que transações financeiras parecem reger não apenas mercados, mas também relações sociais, políticas e institucionais, a frase “a moeda de compra vale menos do que o valor do caráter” emerge como síntese de um problema ético profundo que atravessa o Brasil contemporâneo. No centro desse debate está a erosão da dignidade, a fragilização dos princípios e a crescente percepção de que, muitas vezes, o preço das coisas tem sido colocado acima do valor das pessoas.

Do ponto de vista ético, filósofos como Immanuel Kant já defendiam que o ser humano jamais deve ser tratado como meio, mas como fim em si mesmo. A corrupção – seja na política, nas instituições privadas ou no cotidiano – rompe exatamente com esse princípio, transformando pessoas em instrumentos de conveniência. Quando “moedas” passam a comprar favores, silêncios ou vantagens, o que está em jogo não é apenas a moral individual, mas a estrutura simbólica que sustenta o convívio social.

A dignidade humana, prevista no artigo 1º da Constituição Federal como fundamento da República, perde espaço quando práticas antiéticas se naturalizam. A banalização da vantagem imediata, do “jeitinho” e do ganho próprio, independente das consequências, empobrece a vida pública e esvazia a confiança coletiva. O valor do caráter, ao contrário, é inegociável: ele não oscila, não depende de cotação e não pode ser comprado ou vendido. É um capital simbólico que se constrói na coerência entre ações, palavras e princípios.

Em ambientes onde a moeda pesa mais do que o caráter, o tecido social se desgasta. Instituições deixam de ser percebidas como guardiãs do bem comum e passam a ser vistas como arenas de interesses privados. Nessa lógica, perdem a sociedade, perdem as políticas públicas e perdem sobretudo aqueles que acreditam na honestidade como pilar da convivência democrática.

É por isso que, em meio à disputa constante entre valores éticos e valores monetários, torna-se necessário resgatar o sentido mais profundo da integridade. Caráter é aquilo que permanece quando as cifras desaparecem. É o que sustenta a palavra, a postura e a responsabilidade de cada indivíduo diante do coletivo.

A frase que inspira este texto não é mero aforismo moral. Ela é um alerta: quando a moeda de compra ganha centralidade, o caráter perde espaço, e com ele, perdemos todos. Em tempos de crise ética, reafirmar princípios não é idealismo; é necessidade pública. Afinal, sociedades sólidas não se constroem sobre o preço das coisas, mas sobre o valor das pessoas.

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